Impossível não associar o título da peça à Meca, cidade sagrada para os muçulmanos. Daí comecei a imaginar uma história totalmente diferente da que é apresentada. Na verdade, a peça é inspirada em um personagem real: Helen Martins, moradora de uma pequena comunidade branca da África do Sul no meio do deserto, que encontra em suas mãos de escultora o caminho da liberdade pessoal e a felicidade de criar sua "Meca".
(mobiliário de Helen Martins, com peças da escultora)
Helen Martins ou Miss Helen como ficou conhecida, era uma mulher muito sensível e talentosa, que decidiu em determinado momento de sua vida lutar por uma existência com mais luz e cor. Assim, inicia uma obra fantástica criando estátuas de sol, corujas e outras imagens. Seu trabalho que serviria para dialogar com os moradores do vilarejo foi incompreendido. Com as críticas e o escárnio, Helen fica reclusa o que faz aumentar ainda mais os rumores sobre a sua saúde mental.
Helen conta apenas com a ajuda da amiga Elsa a quem escreve pedindo ajuda.
O texto de Athol Fugard é belíssimo e trata dos temas da solidão, amizade e confiança e tem como pano de fundo a África do Sul dos anos setenta, com seus conflitos e a segregação racial. Por sinal, este tema é retratado de maneira direta, através da personagem Elsa.
O espetáculo é envolvente e bem cuidado, com cenário de André Cortez, onde podemos ver algumas das esculturas de Helen, além do mobiliário muito adequado. O figurino de Fábio Namatame é correto, assim como a bela iluminação de Telma Fernandes e a trilha sonora de Morris Picciotto. A direção do espetáculo é de Yara de Novaes, que conduz os atores de maneira irrepreensível. Patrícia Gasppar interpreta Elsa, a amiga de Helen, com atuação vigorosa e marcante. Cacá Amaral dá muita dignidade ao Pastor do vilarejo. Cleyde Yáconis emociona no papel de Helen Martins, numa interpretação sensível e cheia de nuances. Simplesmente magistral do início ao fim.
"O caminho para Meca" é um espetáculo que leva o espectador à reflexão sobre a vida, as diferenças e a liberdade de cada indivíduo.
(Cleyde Yáconis: atuação sensível)
Quem quiser saber mais sobre o trabalho de Helen Martins pode consultar o site http://www.owlhouse.co.za/
(obras da escultora Helen Martins)
Teatro sempre é bom. Pena que aqui em Blumenau apareçam poucas peças de qualidade.
ResponderExcluirAbraços
Oi Jorge,
ResponderExcluirAdorei o post. Já tinha lido a crítica e fiquei ainda com mais vontade de assistir.
bjs
Maria da Fé
Salve, salve, meu aculturado amigo Jorge!
ResponderExcluir"Jorge" e não José como houvera dito em nosso embate inicial teclado afora!
Jorge do São, do meu coringão, do Bem(Jor) e não do mal... meu amigo.
Foi com muita honra que recebi sua illustre visita em meu humilde reduto, meu monstruoso e singelo reinado!
Vim a ti, agradecer e externar meu profundo ciúme, no melhor sentido, com relação à sua agitada vida cultural.
Aqui, nas bandas do interior paulista, 200km sentido WSW da capital, resta-nos escrever poemas sobre cocô-de-vaca, bicho-de-pé e namoro na moita com a Mariquinha! Com taxa "0" de teatros, cinemas, shows e eteceteras paralelos e baratos afins desta calma e e pacata megalópole de 23mil/habitantes.
So...row, row, row your boat...
Forte abraço,
MOnstro